Trata-se de uma reconstrução de um edifício que funcionou como hospital até ao Século XIX e Casa da Misericórdia, situado na antiga Judiaria. No início do século XX, 1912, o arquiteto Ernesto Korrodi projetou a ampliação do edifício (processo camarário 20/1912 e 37/1912) com o uso destinado a habitação e que se desenvolvia em 3 pisos, com uma linguagem arquitetónica de Arte Nova, presente nos azulejos e nas galerias envidraçadas. No pátio interior, as varandas com cantarias e a pérgula sugerem um ambiente romântico de gosto italiano. Mais tarde, em 1959, a moradia sofreu alterações e ampliações (processo camarário 713/59), a cércea foi elevada e o edifício passou a ter 4 pisos com o aproveitamento das águas furtadas.
Atualmente, numa das partes do rés-do-chão funciona uma pequena loja de comércio, o restante imóvel encontra-se desabitado e num estado de degradação.
A atual proposta tem como objetivo restaurar, reconstruir e valorizar o imóvel e os elementos de Arte Nova existentes, mas adaptando o edifício às exigências atuais. A ideia principal da intervenção é alterar o mínimo nas fachadas exteriores e os seus revestimentos, manter o máximo das paredes estruturais interiores, recuperar os trabalhos de carpintaria existente e em alguns casos replicar ou reinventar o desenho original. A proposta pretende ser uma intervenção “silenciosa”, embora a maioria dos pavimentos sejam substituídos, existe a preocupação de utilizar revestimentos e estereotomias iguais e com as mesmas técnicas de aplicação. Pretende-se manter os 4 pisos, sendo o último as águas furtadas que será elevado para amarrar as paredes existentes exteriores com uma cinta estrutural, irá consolidar as paredes e permitir um pé direito regulamentar nas divisões habitacionais existentes no sótão. No último piso também será efetuado um recorte no telhado no alçado sul que permite assegurar a salubridade e uma varanda sem recorrer a janelas trapeira que podia introduzir novos elementos dissonantes na linguagem arquitetónica existente. Também houve a preocupação que o recorte no telhado tivesse o menor impacto visual e que o quinto alçado ficasse assegurado de nenhuma descaracterização das vistas dos miradouros locais. O carácter hierárquico formalmente visível nos seus alçados irá manter-se, assim como nos seus interiores. O rés-do-chão irá recuperar o carácter e o ambiente de um espaço comercial mas também social, no primeiro piso continuará com os espaços mais nobres, mais trabalhados formalmente nos seus acabamentos, o segundo piso irá conservar a identidade do piso inferior mas com menos trabalhos decorativos e o último piso será mais depurado de pormenores formais. No pátio interior propõe-se retirar as escadas existentes para permitir maior desafogo, salubridade e presença do pátio e da sua luz natural. No segundo piso é proposto uma varanda sobre o telhado do piso inferior virado sobre o pátio interior que irá permitir um novo espaço exterior sem impacto visual e diluído na arquitetura existente.
No piso térreo contempla um espaço de comércio/serviços e um estabelecimento de restauração e bebidas que é estendido ao primeiro piso. Na parte sobrante do primeiro piso, no segundo piso e nas águas furtadas serão destinadas a habitação coletiva. A entrada principal para as várias habitações manter-se-á e continuará a ser efetuada pela Rua Afonso Albuquerque, a entrada principal do estabelecimento de restauração e bebidas será feita pela entrada já existente na Rua Miguel Bombarda, no espaço comercial/serviços a sua entrada também será mantida pela porta existente virada para a Praça Rodrigues Lobo. Toda a reconstrução tem como objetivo cumprir com o Plano Diretor Municipal de Leiria, Regulamento Municipal do Centro Histórico de Leiria, Regulamento Geral de Edificações Urbanas, Regulamento Municipal de Edificações Urbanas, Regulamento Municipal de Edificações do Concelho de Leiria, porque o imóvel em causa apresenta a necessidade de execução de alterações relevantes, desproporcionadamente difíceis que iriam afetar o património histórico edificado existente na sua morfologia arquitetónica, correndo o risco de descaracterizar uma obra singular do centro histórico da cidade de Leiria .

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